
“Redefinir Trajetórias: O Impacto da Intervenção Precoce na Inflamação Tipo 2 na Marcha Alérgica”
Palestrantes: Leonor Ramos, Carla Loureiro
Asma pediátrica grave: o impacto da intervenção precoce na inflamação tipo 2
“O impacto da asma grave é muito significativo”, começou por admitir Carla Loureiro em declarações à News Farma. Foi com estas palavras que a pediatra da Unidade Local de Saúde de Coimbra, que se dedica à Alergologia Pediátrica, abordou a temática que esteve na base da intervenção que realizou na sessão “Redefinir Trajetórias: O Impacto da Intervenção Precoce na Inflamação Tipo 2 na Marcha Alérgica”, que fez parte do programa do 13.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica (SPAP). O encontro decorreu de 29 a 31 de maio no Grande Hotel do Luso e na sessão, que contou com o apoio da Sanofi. Assista ao vídeo.

Carla Loureiro debruçou-se sobre a abordagem terapêutica da asma grave, uma patologia que “tem repercussões no dia-a-dia da criança, com limitações nas suas atividades e limitações na vida da família”, reconheceu a especialista.
Além disso, a patologia acaba também por ter consequências na quantidade de fármacos necessários para controlar a doença e evitar as agudizações. Nestes casos recorre-se, sobretudo, a corticoides, que acabam, invariavelmente, por ter consequências a longo prazo, assim como acontece com a própria patologia, para o desenvolvimento da criança e do jovem, nomeadamente ao nível da função pulmonar. “Portanto, uma criança com asma grave na infância pode ser uma criança que vai ter uma alteração muito significativa da função pulmonar de forma irreversível a longo prazo”, admitiu a especialista na entrevista.
Dupixent® “é um fármaco muito fácil de aplicar”
No campo da doença alérgica, a investigação científica tem vindo a melhorar as respostas terapêuticas disponíveis para o tratamento dos doentes. Neste campo clínico, o dupilumab, um anticorpo monoclonal disponível com o nome comercial Dupixent®, tem demonstrado em vários estudos uma “eficácia significativa” e uma segurança de administração que levou à aprovação do medicamento para o tratamento da dermatite atópica a partir dos seis meses de idade.
Primeiro, recordou Carla Loureiro, começou por ser descrita a eficácia do dupilumab no tratamento da dermatite atópica no adulto, indicação entretanto alargada para os adolescentes e crianças e foi, igualmente, alargado o leque de patologias nas quais o fármaco demonstrou eficácia, nomeadamente na asma grave, na esofagite eosinofílica, na rinossinusite crónica com pólipos nasais e na doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) no adulto. Como o doente alérgico acaba por ser afetado por várias patologias em simultâneo, com o dupilumab observou-se uma melhoria sintomatológica em todas as comorbilidades e os “os estudos vieram confirmar essa eficácia”, acrescentou.
Do ponto de vista de financiamento, atualmente o Dupixent® é financiado no Serviço Nacional de Saúde para o tratamento da asma grave e da dermatite atópica grave a partir dos seis meses, para o tratamento da dermatite atópica moderada a grave a partir dos 12 anos e para o tratamento da esofagite eosinofílica a partir dos 12 anos. Ainda não tem o aval do financiamento para ser usado no tratamento da esofagite eosinofílica entre 1 e 11 anos, mas já está aprovado para ser usado nesta faixa etária.
Em termos práticos, a utilização do fármaco não levanta grandes problemas aos doentes. “É um fármaco muito fácil de aplicar. Não tenho tido problemas com a administração do fármaco, só mesmo um caso ou outro de conjuntivite associada à dermatite atópica, mas que não é impeditiva de continuação do uso do fármaco”, relatou ainda Carla Loureiro.
Na conversa, a especialista reconheceu a pertinência da criação de uma consulta dedicada exclusivamente ao seguimento da asma grave pediátrica. Neste momento, na unidade de Coimbra, as crianças com este diagnóstico são acompanhadas numa consulta de Alergologia Pediátrica, mas Carla Loureiro espera que “a médio prazo, possa existir, à semelhança do que já há nas consultas de adultos” uma consulta de asma grave para crianças. Afinal, reconheceu a especialista, a criação dessa valência facilitaria o seguimento das crianças e uma melhor prestação de cuidados, além de ser uma das recomendações de 2025 da Global Initiative for Asthma (GINA). “Essa agilidade [de procedimentos na consulta especializada] é útil, melhora os cuidados e faz com que falhem menos coisas. Todos os circuitos vão funcionar melhor”, admitiu a pediatra.
MAT-PT-2500490 -1.0 – 07/25
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